Entre o sono e o acordar existe um crime,
um assalto, uma ferida, uma discórdia.
Coloco minhas pernas no delírio, uma e depois outra,
quando na noite a ave fala que o mundo é longe
da onde está o meu corpo dividido.
Descanso pés em precipícios, suspensos
os meus sonhos com digitais perdidas em
incêndios: minha língua não sente o gosto
da queda.
Entre o viver e o apagar existe um
suicídio, a qual me submeto quando a ave
se cala.
A noite carrega tristezas na altura
dos meus joelhos: um assalto, uma ferida,
meu corpo repartido nas rochas, portas
fechadas a força, sonhos que descansam
nos buracos.
Entre acordar e dormir não há a tua mão.